Vi
com a máxima atenção um programa que trabalhava o tema do
envelhecimento. Bem a propósito. O Governo do nosso País acaba de
aprovar o Testamento Vital. E os nossos velhos, cada vez com idades mais
avançadas devido ao desenvolvimento da arte médica, bem como a outros
factores, precisavam com urgência de medidas jurídicas que, na fase
final das suas vidas preciosas, os protegessem de exageros vindos dos
mais diversos sectores e/ou pessoas - profissionais, familiares ou
outros.
Quando falo de velhos refiro-me a idosos, com autonomia ou sem ela. E
gosto da palavra “velho” porque me transporta aos tempos de respeito,
carinho e cuidado familiar com que eram tratados e que muitos de nós nos
lembramos e ansiamos que tenha retorno.
Assim, naquele programa de um dos canais de TV, Maria João Quintela
falou de rijo e não poupou ninguém, tanto nas críticas ao abandono a que
os mais velhos de nós são sujeitos neste País, como à forma como são
usados para campanhas políticas ridicularizando-os com infantilidades
desadequadas para proveito dos senhores políticos que querem encher
recintos onde dirão palavras que não precisam ser ouvidas pois já poucos
nelas estão interessados.
Gosto de gente que fala sem medo. São raras nos tempos de hoje. Foi
dito: milhares e milhares de idosos são abandonados em hospitais por
familiares. Há lares para a terceira idade que não permitem visitas sem
aviso prévio. Há velhos que recorrem a um lar para viver, entram de
cabeça erguida e dias depois estão numa cadeira a olhar para o chão. Isto merece um NÃO a esta maneira de ver e tratar a nossa população envelhecida.
Quem vai resolver esta tragédia humana? Não contem com casas de
acolhimento manhosas. Não acreditem que os responsáveis pelas grandes
questões do País pensam seriamente nisto. Talvez esta tarefa deva ser
remetida para Organizações Humanitárias com provas dadas. Porque não?
Quando somos jovens, ou mesmo na meia idade, não nos detemos muito a pensar sobre o que será e como será o nosso fim. Brincamos com o tempo, queremos encher-nos de objectos e outros pertences que o dinheiro nos pode dar, olhamos os outros com amizade mas também como prestadores de serviços a que entendemos ter direito...
Mas, um dia a doença ou a idade entram-nos pela porta e não nos tínhamos prevenido. Entramos num mundo desconhecido, de medo e solidão. Os objectos a que demos tanto valor perdem importância. Não nos podem acarinhar, abrandar a dor de estar só ou doente ou velho. Necessitamos urgentemente de apoio.
Pensam que este País, com todas as promessas disto e daquilo, tem respostas para dar? Olhem e oiçam: andam todos atarefados a respeitar os prazos da Troica, a retirar direitos ao povo que trabalha e àquele que já trabalhou, a dar-nos estatísticas dramáticas sobre o desemprego…
No meio deste desinteresse de quem tem o dever de prover ao bem-estar das populações, a indiferença cai sobre as pessoas reais, aquelas que são seres individuais com carências e prioridades a resolver que vão sendo relegadas para um depois que nunca chega.
Pelo que foi dito, pela nossa velhice presente ou futura, pela protecção que todos os seres merecem quando o seu tempo de maior fragilidade chegar, sejamos os primeiros a tomar decisões que possam mudar o que ora se passa no local em que vivemos, no País que deveria ser de todos e parece só estar preparado para alguns.
Quando somos jovens, ou mesmo na meia idade, não nos detemos muito a pensar sobre o que será e como será o nosso fim. Brincamos com o tempo, queremos encher-nos de objectos e outros pertences que o dinheiro nos pode dar, olhamos os outros com amizade mas também como prestadores de serviços a que entendemos ter direito...
Mas, um dia a doença ou a idade entram-nos pela porta e não nos tínhamos prevenido. Entramos num mundo desconhecido, de medo e solidão. Os objectos a que demos tanto valor perdem importância. Não nos podem acarinhar, abrandar a dor de estar só ou doente ou velho. Necessitamos urgentemente de apoio.
Pensam que este País, com todas as promessas disto e daquilo, tem respostas para dar? Olhem e oiçam: andam todos atarefados a respeitar os prazos da Troica, a retirar direitos ao povo que trabalha e àquele que já trabalhou, a dar-nos estatísticas dramáticas sobre o desemprego…
No meio deste desinteresse de quem tem o dever de prover ao bem-estar das populações, a indiferença cai sobre as pessoas reais, aquelas que são seres individuais com carências e prioridades a resolver que vão sendo relegadas para um depois que nunca chega.
Pelo que foi dito, pela nossa velhice presente ou futura, pela protecção que todos os seres merecem quando o seu tempo de maior fragilidade chegar, sejamos os primeiros a tomar decisões que possam mudar o que ora se passa no local em que vivemos, no País que deveria ser de todos e parece só estar preparado para alguns.
O Testamento Vital é uma ferramenta que devemos aproveitar para
registarmos conscientemente decisões que só a nós pertencem. Não
deixemos de procurar as informações necessárias acerca do mesmo. Quanto
ao lugar em que gostaríamos de viver nesses tempos que hão-de chegar,
deixemos bem claro quem decidirá sobre isso, sem vergonha nem medo de
ofender quem nos/vos ofenderá sem pejo um dia.
Posto estas palavras que me são ditadas pela vida em observação e
reflexão acerca do mundo em que estamos a viver, fecho este trabalho com
um desejo sincero: que as próximas gerações tenham mais força para
destruir o mal e construir o bem.
Fonte: A União, publicado na Terça-Feira, dia 21 de Agosto de 2012, por Maria Conceição Brasil
Fonte: A União, publicado na Terça-Feira, dia 21 de Agosto de 2012, por Maria Conceição Brasil
Sem comentários:
Enviar um comentário